Tecidos acompanham a nós, seres humanos, desde que resolvemos sair por aí desbravando os diferentes cantos do mundo, centenas de milhares de anos atrás. Ao abandonar as savanas quentes, a humanidade resolveu entrar numa fria: explorar regiões com temperaturas extremamente baixas. Essas regiões escondiam grandes animais, que poderiam alimentar comunidades humanas inteiras por algum tempo, além do ambiente gelado ajudar a conservar os alimentos por um período maior. Bem melhor do que se alimentar de pequenos animais cujas carnes estragavam rápido no calor…, mas o que isso tem a ver com a história dos tecidos?
No início, era tudo manto
A pele humana não dava conta de proteger o organismo do frio polar. Então, depois do processo de abate e de consumo dos grandes animais, porém, um item muito precioso sobrava: o couro, cheio de pelos super quentinhos, em quantidade suficiente para servir aos humanos como segunda pele. Uma pele que esquentava de verdade. Posteriormente, a necessidade de se cobrir estava integrada à cultura humana. Cultura que logo se espalhou pelo mundo, a cada colônia que se estabelecia. De itens de sobrevivência, as vestimentas foram passando a ser símbolo de status.
Do animal à planta
O couro dos animais, na forma rústica, não exigia muito tratamento antes de ser usado. Milhares de anos depois, no entanto, as produções humanas ficaram muito mais sofisticadas. Enquanto a escrita começava a ser formalizada nos hieróglifos do Egito, faraós ostentavam suas riquezas numa sociedade que já se organizava em diferentes camadas sociais. Nas mais altas, a sofisticação vinha de objetos luxuosos para a época. Cerâmicas, utensílios e acessórios de ouro, as grandes pirâmides e… os tecidos feitos a partir de uma planta cultivada à beira do rio Nilo. Essa planta era o Linho.
Se hoje em dia são grandes tecelagens que produzem nossos tecidos de linho modernos, naquela época era tudo artesanal. Assim como não sabemos muito bem como a construção das pirâmides foi executada, não há evidências tão fortes sobre como os egípcios conseguiam tecer tramas tão bem amarradas. O que sabemos é que somente faraós eram enterrados, após a mumificação, com o tão nobre tecido. O linho, então, não é apenas um dos mais antigos tecidos que ainda estão por aí, mas também serve para percebermos o quanto a humanidade valoriza tecidos desde o antigo Egito.
Do linho às ovelhas
Se os egípcios conseguiram fazer tecido a partir de uma planta, os mesopotâmicos estavam mais preocupados em domesticar ovelhas. Nesse processo, mais uma vez as pessoas se aventuravam em usar pelos de animais para se cobrir. Só que, agora, as técnicas de tecelagem estavam mais difundidas. No entanto, não fazia sentido pegar a pele dos carneiros e vestir, como os antepassados faziam. A moda na época era fazer belas vestimentas de lã e sair por aí desfilando com os precursores dos casaquinhos. Nessa caminhada, a Mesopotâmia passou a ser exportadora de tecidos de lã para boa parte da Europa antiga e ainda para vários territórios do oriente. Nessas regiões, porém, a “lã” dos tecidos locais vinha das árvores.
Algodão: o tecido do oriente e das américas
Nossa história dos tecidos não pode deixar de admirar a façanha dos tecidos feitos de algodão. Na índia e na Etiópia, o tecido vinha das plantações de algodão do mesmo rio Nilo que servia Linho aos Egípcios. Entretanto, eles, depois de descobrirem a planta, também incorporaram os tecidos de algodão na sua cultura. Do outro lado do mundo, bem antes dos Europeus aparecerem, e sem ligação com o Oriente, os povos das américas também tinham seus próprios tecidos feitos de algodão. Isso pode ter ajudado a confundir Colombo, que achou ter chegado “nas Índias”, também produtora de tecidos de algodão, como acabamos de te contar. Agora dá para entender por que o algodão é tão popular até hoje, não?
Da popularidade até a produção em grande escala
Agora que já sabemos um pouco da história de três dos tecidos mais conhecidos por nós hoje em dia, fica mais fácil entender como eles ainda existem e se modificam ao gosto dos estilistas. No entanto, até meados da era moderna, artesãos eram responsáveis por fabricar tecidos, em pequenas fábricas, para consumo local. Certamente, com a revolução industrial, tudo ficou grande. Indústrias gigantes, grandes marcas e um mercado de tendências que levam para muito além as funções originais dos tecidos. Hoje, um tecido é apenas uma base para que possamos representar ideias, conceitos, reafirmar identidades e ainda fazer a diferença onde quer que estivermos. O tecido é a base para peças que nos vestem e nos representam. São, praticamente, parte de nós.
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